À Imprensa de Unaí

Meu marido é representante comercial de uma conhecida multinacional e Já moramos em algumas cidades pequenas, inclusive, mas em nenhuma delas havia tanta poluição sonora através de propaganda móvel como aqui em Unaí. Pra vocês que ficam, desejamos sorte. Não há outra alternativa a não ser mudar para outro lugar procurando o direito merecido ao sossego.

Meu marido não consegue sequer dormir em paz. Como ele viaja bastante, muitas vezes retorna de madrugada e tem somente o dia para descansar. Impossível. Logo pela manha as dezenas de carros de propaganda já começam a nos perturbar. Aí vem o cansaço por não dormir, o estresse pelo barulho que não cessa, enfim, as preocupações com o trabalho, filhos na escola, etc.

Outro dia, bem de manhãzinha, nosso filho Lucas de apenas 5 anos, acordou desesperado com medo do barulho que um desses carros de propaganda fazia. Era um anúncio de uma famosa loja de eletrodomésticos e o locutor parecia estar possuído enquanto gritava ao microfone. O pobrezinho que se encontrava febril, em razão de uma gripe, acordou aterrorizado. Resultado: lá fui eu deixar o que estava fazendo para cuidar do meu pequeno.

Isso é uma constante. A grande quantidade de carros de propaganda que passam em frente à minha casa todos os dias, praticamente o tempo inteiro, prejudica até a realização das lições de casa dos meus filhos. Muitos vezes estou explicando alguma coisa a eles e temos que nos calar até que o carro de propaganda se vá. É muita perturbação e já pensamos até em fazer um boletim policial, mas ficamos com medo de expor a nós e a nossos filhos. O abuso chega a tal ponto que alguns desses veículos de propaganda anunciam frutas e verduras dos diversos mercadinhos em frente às nossas casas assim que o dia amanhece.

Meu filho que estuda em um curso técnico da Unitec aqui em Unaí outro dia veio reclamar para o pai que as aulas estavam sendo prejudicadas pelos carros de propaganda móvel. Segundo ele praticamente de cinco em cinco minutos passa um desses carros e todos precisam cortar o diálogo até que o barulho acabe.

Em Unaí temos a sensação de que as autoridades não ligam muito para esta questão da poluição sonora. Já mandei muitos E-mails para a Prefeitura de Unaí, Câmara de Vereadores e nunca recebi uma resposta. A gente se sente abandonada.

Até hoje meu marido, meus filhos e eu quando vamos fazer compras nos comércios na Av. Governador Valadares ficamos chocados com tamanha poluição sonora. Não é possível sequer conversar um com o outro direito, pois de minuto em minuto passa um carro anunciando alguma festa, promoções em lojas e os mais estranhos e variados anúncios. Algumas vezes dois e até três veículos de anúncio se encontram e o barulho é ampliado. Na verdade os comerciantes que contratam esses carros de propaganda móvel não percebem que esse tipo de propaganda abusiva tem efeito totalmente contrário. Apenas perturba. Acho o fim do mundo (já vi isso muitas vezes) carro de propaganda móvel anunciando os produtos de algumas lojas próximo a hospitais e escolas soltando foguetes para chamar a atenção.

Esse é o meu desabafo. Unaí apresenta baixíssimos níveis de violência, as pessoas são amigáveis e seria com certeza um lugar ótimo para se viver se não fosse o excesso de barulho. Afirmo sem medo de errar: já conheci muitas cidades e Unaí é com certeza a mais barulhenta. Não sou a favor de tirar o sustento daqueles que trabalham com propaganda móvel, mas com certeza é preciso disciplinar a utilização desse meio de propaganda. O número de veículos para esse fim em Unaí é exagerado. Várias pesquisas afirmam que o excesso de barulho além de provocar estresse, pode também trazer danos à audição. Uma pena. Unaí poderia ser bem melhor se o direito à paz e ao sossego fosse respeitado. É uma questão de educação. 

Vera Lúcia